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Um amigo chamado cansaço

Ana Caetano

Facilitadora e Supervisora
Psicóloga Clínica
Psicoterapeuta

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O outono marca novo regresso ao quotidiano, um pós férias e um pré-boas festas. Mas sei que muitos de nós “já-estamos-em-esforço-e-o-ano-ainda-mal-começou-quem-me-dera-ir-já-de-férias-outra-vez”.

  

A palavra “cansaço” é uma das mais usadas no consultório, nas conversas do dia-a-dia e nos anúncios que publicitam mais um suplemento para o combater.

  

Já falei de um ensaio sobre o cansaço na perspetiva da importância de nos cuidarmos, protegendo a nossa saúde mental. Em “A sociedade do cansaço” o autor Byung-Chul Han inicia o livro com a apresentação da praga de cada século da humanidade: as pragas, até ao desenvolvimento de medidas sanitárias e de antibióticos, os vírus, até ao desenvolvimento das técnicas imunológicas e, no século atual, as doenças neuronais.

No entanto, tantos alertas, análises e contraindicações do cansaço podem nos levarem à atitude típica do “Pedro e o Lobo”, isto é, em que já nem lhes prestamos atenção. Afinal que podemos nós fazer? Não podemos simplesmente “pausar” a vida quando queremos e descansar. E, depois, isto de “descansar” pode assumir uma maldição disfarçada: com menos afazeres diários, a mente pode entrar numa espiral de pensamento desgastante, tornando-se um tormento lidar com o nosso diálogo interno.

Assim, em que momento é que é fundamental prestar atenção aos alertas oriundos do cansaço? Quando o Lobo-cansaço ataca as ovelhas do Pedro.

 

Estar sempre cansado, viver em esforço constante e em desespero por dormir. 

 

Por vezes a vida coloca-nos perante uma situação de curta duração mas ainda assim extenuante, como terminar uma tese universitária, fazer um MBA, ter um bebé, mudar de casa e/ou de país. Em situações como estas é natural sermos invadidos por um cansaço extremo durante algum tempo. A melhor abordagem para o combater é “inventar tempo para descansar”, mantendo rotinas de sono mínimas, pedindo ajuda na execução de algumas tarefas e protelar o que não é urgente, ainda que possa ser importante. Mas se não está perante uma situação “com fim à vista” e o cansaço é contínuo, tem de refletir sobre o que pode fazer para aligeirar a “carga” que transporta e planear com detalhe os períodos de descanso.

Se, após ter tomado medidas para descansar o sono for leve ou difícil, as insónias uma constante e não ocorrer qualquer redução do cansaço procure um médico de clínica geral para fazer análises e/ou exames por forma a detetar eventuais causas do cansaço de origem biológica – como a falta de ferro, funcionamento deficiente da tiroide até ao despiste de doenças autoimunes (onde se inclui a síndrome de fadiga crónica).

O cansaço persiste e não se encontrou uma explicação biológica para o mesmo: talvez esteja perante o famoso burnout. Um inquérito realizado pelo Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis revelou que 50,6% dos trabalhadores em Portugal estão em elevado risco de burnout. O importante nesta fase é procurar ajuda psicológica e/ou psiquiátrica.

 

O cansaço como um amigo.

 

Assim, em vez de olhar para o cansaço como um inimigo, encare-o como o amigo que nos diz para termos cuidado com as opções que tomamos no nosso dia-a-dia. Não o ignore porque não vai passar sem as medidas adequadas. E aprender a descansar também pode ser um excelente objetivo para o novo ano letivo.

 Quem te avisa teu amigo é.”

É este género de amigo que o cansaço é.

Bom descanso!

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