Ninho vazio: Os nossos filhos saíram de casa. E agora?
Natacha Moreira
Terapeuta EMDR
Nos dias que correm, a saída dos filhos de casa acontece cada vez mais tarde, principalmente devido à dificuldade de atingir estabilidade financeira que os permita a isso. No entanto, a autonomia dos filhos é inevitável, independentemente dos motivos para que tal aconteça: entrada no ensino superior, entrada no mundo laboral, estabelecimento da sua própria família, etc. Quando tal evento ocorre, urge a necessidade de adaptação por parte de todos os envolvidos na dinâmica familiar.
Neste momento, a família terá de reconstruir a sua dinâmica relacional. Torna-se crucial que os pais assumam um papel facilitador neste processo, para que os filhos se tornem autónomos e independentes e para que os pais percebam e assumam a sua missão educativa como bem-sucedida.
A relação pais-filhos torna-se, a esta altura, uma relação de adulto-adulto, passando todos a desempenhar papéis de independência e autonomia na nova dinâmica familiar, partilhando experiências pessoais de igual para igual.
Enquanto pais, torna-se importante que continuem a adotar um papel presente, de apoio e conforto para com os filhos, que desta forma perceberão a continuidade da ligação outrora existente. Espera-se que os pais se mantenham atentos, desempenhando o papel de bons ouvintes e conselheiros, aceitando, no entanto, que os filhos, agora adultos, poderão adotar uma perspetiva diferente das situações a que estão sujeitos e, por isso, encontrar diferentes soluções para as mesmas.
Agora sozinhos, surge também a necessidade de o casal investir na relação a dois nesta nova realidade de «ninho vazio». A atração e a paixão iniciais podem ter dado lugar a um amor mais calmo, ponderado e maduro ou a uma relação mais funcional com foco no “cuidar do outro”, neste caso dos filhos. Assim sendo, verifica-se a necessidade de o casal encontrar novas e diferentes formas de alimentar a sua relação, de forma a expressar e comunicar os sentimentos que nutrem um pelo outro para potenciar a intimidade que outrora experienciaram.
Ainda se lembram do que vos fez apaixonar pelo vosso conjugue? Recordem-no disso e reinventem a vossa relação nesta nova realidade.