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EMDR – E Mudamos Demasiado Rápido

Micaela Ramos

Fundadora e Diretora Geral da GO4
Supervisora e Psicoterapeuta

Saiba mais sobre a terapeuta

Mais um cliente que se senta no sofá e, olhando-me com expetativa, pergunta:

“É verdade que o modelo EMDR é bastante mais rápido? Ouvi falar bastante bem da Dra. e do EMDR. Estive algum tempo à espera desta sessão… Posso esperar resultados em pouco tempo?”

Sei que me vai sair a minha resposta automática, absolutamente autêntica, com o seu quê de subjetividade pois cada pessoa é única… Já me passaram diversos perfis e patologias pelo consultório e, na verdade, continuo a ter muitas surpresas, mais no bom sentido… Contudo, algumas vezes, mais demoradas e não tão positivas. É importante assumi-lo: o EMDR não é magia… Neste momento é um modelo psicoterapêutico com muita investigação e validação científica.

“Sabe, eu sou “suspeita”! O meu modelo psicoterapêutico de Excelência e de prática diária é o EMDR. Tive de fazer, para efeitos de formação e atualização de competências, um estudo do número médio de sessões que tinha com cada pessoa e, em média, realizo 10 a 15 com cada cliente. No entanto, cada caso é um caso e não há uma fórmula mágica que podemos aplicar a todos. Há situações possíveis de resolver em menos tempo, sobretudo eventos únicos e de trauma simples (trauma pode ser considerada uma palavra muito pesada no senso comum, porém, em psicologia é usada com regularidade e refere-se a um ou mais eventos e/ou padrão que ainda não foi superado). Outras situações, normalmente mais antigas e que se passaram de forma continuada quando era criança, colocando em causa a segurança da mesma, remetem-nos para trauma complexo e levam mais tempo a trabalhar, reprocessar e integrar”.

A pessoa começa a contar a sua história, a sua narrativa… A primeira fase deste modelo é compreender a história clínica do cliente, conhecendo o funcionamento mente-corpo da pessoa e a arte de explorar as memórias mais antigas – memórias-chave, que estão na base daquilo que continua a ser perturbador para a pessoa.

Depois desta viagem de exploração e navegação pelas memórias da pessoa, damos recursos, fortalecemos memórias agradáveis, competências e preparamos a pessoa para enfrentar redes de memória mais ativadoras e perturbadoras. Para navegar em mar alto e tumultuoso, é necessário preparar e equipar bem o barco em terra e muitas vezes é esta a metáfora que dou.

Quando entramos na avaliação e dessensibilização da memória-chave ou alvo que vamos trabalhar, já entrámos em Reprocessamento, ou seja, em fase de “digestão”, “desbloqueio”, “ressignificação” ou “aprendizagem/integração” das experiências perturbadoras.

E então… Como é possível ressignificar e aprender com as experiências perturbadoras (pequenos ou grandes traumas)? E aqui a resposta é PAI. PAI? Sim, Processamento Adaptativo de Informação. E como funciona o nosso PAI? Deixamos aqui disponível a nossa apresentação para download.

Vou dar alguns exemplos de casos que acompanhei, bastante sintetizados, para compreenderem melhor e conseguirem integrar o conceito PAI em ação:

Como é possível que alguém que tinha pânico em andar de avião passe a andar? Na nossa viagem de exploração pela rede de memórias dessa pessoa fomos à procura de onde começou o medo de andar de avião… Surge uma memória muito antiga, de quando era criança (7/8 anos) ter ficado por mais de 10 minutos encurralada num carro num acidente e, desde aí, o medo de ficar preso e de morrer ficou gravado na memória e na mente como altamente perturbador. Essa memória foi reprocessada e a pessoa sentiu-se capaz e confiante para ir andar de avião. Está feliz e sente-se livre para viajar e conhecer o nosso planeta terra!

Como é possível que uma pessoa não confie nela própria e esteja a maior parte das vezes com medo de não desempenhar bem os papéis da sua vida? Há muitas situações e experiências de vida que podem levá-la aí e, por isso, é tão importante compreender a história daquela pessoa, em específico os detalhes que a fizeram chegar aí… Já imaginou a possibilidade de, aquando criança, com 3/4 anos, tomar um antidepressivo de um familiar que estava a recuperar na sua casa de família, ir parar ao hospital e estar lá quase uma semana sem os médicos compreenderem o que se tinha passado? Já imaginou na altura não partilhar com ninguém porque tinha muito medo que se zangassem consigo? E, em 2 sessões EMDR, a pessoa reprocessa essa experiência/memória e começa a sentir-se progressivamente mais capaz, mais confiante em si própria e a ter relações mais positivas e agradáveis.

Como é possível uma pessoa andar de relacionamento em relacionamento, ter tido múltiplas tentativas de início de uma relação mais íntima e sentir que não consegue ter a capacidade de se relacionar com ninguém de forma estável e satisfatória? Após passar por um processo de psicoterapia EMDR, começa a identificar e a compreender de onde vem essa incapacidade: sente-se desprotegida e rejeitada desde a primeira infância. Durante as sessões encontramos várias situações em que se sentiu completamente sozinha e abandonada num hospital quando era bastante pequena, por volta dos 2/3 anos. Após o reprocessamento de várias dessas memórias, a cliente inicia uma nova relação que vai permanecendo e dá por si num relacionamento satisfatório e estável há mais de um ano.

Se todos temos experiências adversas na vida e muitos de nós na infância, porque é que só alguns desenvolvem trauma?

Este é o tema que irei explorar no próximo artigo e que ilustrarei com casos clínicos…. Desse lado, seguem com a leitura dos nossos artigos? Fiquem bem e até breve!

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